A institucionalização da política
cultural é uma característica dos tempos atuais. (CALABRE, 2007)
Com
o avançar dos tempos, das conquistas do campo cultural surgiram as necessidades
de políticas culturais atualizadas. Os surgimentos de novas descobertas no
campo cultural, revelações identitárias e territoriais, resgates históricos, a
preservação das memórias, o folclore popular e suas mais diversas manifestações
e expressões produziram demandas que foram aumentando e forçando os agentes
culturais a se profissionalizarem. Plínio Calmeto Chaves (2013, p. 10) diz “que
o (re) conhecimento das formações na área cultural tende a fortalecer o próprio
entendimento do campo cultural e sua importância na construção de uma sociedade
mais humana”. Esse fortalecimento traz consigo uma política de formação
profissional do produtor cultural.
Os primeiros cursos de
graduação em Produção Cultural no país: o primeiro, em 1995, na Universidade
Federal Fluminense (UFF-RJ); e o segundo, em 1996, na Universidade Federal da
Bahia - UFBA. Esses cursos representaram a sistematização dos conhecimentos
inerentes ao setor. No ano de 2003, foi criado o curso superior de Tecnologia
em Produção Cultural no Centro Federal Tecnológico de Química de Nilópolis. Em
2004, foi criado o curso superior tecnológico de Produção Cultural e de Eventos
da Universidade Uniandrade de Curitiba Paraná. Os cursos superiores
tecnológicos de Produção Cultural têm duração de três anos e visam se articular
direta e objetivamente com as demandas do mercado de trabalho. Dois anos depois
da criação do curso tecnológico, foi criado o Bacharelado em Produção e
Política Cultural no Instituto de Humanidades da Universidade Cândido Mendes,
ligado ao curso de Ciências Sociais desta instituição. Em 2008, com a
estruturação da Universidade Federal do Pampa, passou a ser oferecido o curso
de Produção e Política Cultural no extremo sul do país, na cidade de Jaguarão-
RS. No nível médio, técnico, existe a Escola Técnica Estadual Adolpho Bloch, no
Rio de Janeiro, que foi a primeira escola pública a oferecer curso técnico de
comunicação na América Latina, que fornece o Curso de Produção Cultural e de
Eventos, desde 1999. (SEBRAE, 2016, p. 13)
Essas
graduações enaltecem o processo de democratização e organização das políticas
culturais, fortalecendo o mercado da cultura e inserindo no cenário brasileiro
a profissionalização do Produtor Cultural. Os avanços das políticas públicas do
campo cultural oferecem estas oportunidades: muitos agentes públicos de cultura
e agitadores culturais se identificam mediante as deficiências que os esperam
na execução de suas ideias, decidindo então, buscar a graduação e entender seu
lugar na sociedade como colaborador, e no mercado de trabalho, através do
reconhecimento profissional.
Lia
Calabre (2007, p. 13), doutora em história pela UFF, pesquisadora e
chefe do setor de estudos em política cultural da Fundação Casa de Rui Barbosa,
diz que
os produtores, os agentes,
os gestores culturais, os artistas, o público em geral, também vêm buscando
formas de participar e de interferir nos processos de decisões no campo das
políticas públicas culturais... Aumentam as demandas por uma maior formação e
especialização dos agentes culturais locais em todos os níveis, do artesão aos
responsáveis pelas atividades burocráticas, que devem implementar seus projetos
buscando uma autonomia cultural.
Essa
participação é de grande importância; com o aumento da demanda pela
profissionalização, o setor da formação cultural foi gradativamente crescendo,
e em paralelo o reconhecimento da diversidade cultural brasileira com suas
expressões e identidades. A cultura se diversifica em suas várias expressões; o
interesse dos agentes culturais pela formação contribui imensamente para o
desenvolvimento das políticas culturais do país.
Plínio
Calmeto Chaves (2013, p. 14) reforça que, para o engajamento da profissão, o
Sistema Nacional de Cultura (SNC) também é importante, pois visa a
criação do Programa Nacional de Formação na Área da Cultura. Diante das
necessidades de se implantar um sistema com geração de resultados positivos, a
formação do produtor/gestor cultural se torna necessária uma vez sua
implementação é estratégica para o desenvolvimento do SNC, o que ampara e
reconhece a função do produtor cultural por sua importância no processo. Esse
engajamento vem acontecendo de acordo com os avanços das políticas culturais do
país, haja vista que o profissional se sente apto a contribuir com esses
avanços.
A formação de pessoal em
política e gestão culturais é estratégica para a implementação e gestão do
Sistema Nacional de Cultura (...) O Programa Nacional de Formação na Área da
Cultura visa exatamente estimular e fomentar a qualificação nas áreas
consideradas vitais para o funcionamento do Sistema. ((BRASIL, apud CHAVES, 2013, p. 14)
Esse
estímulo traz consigo uma política educacional e de fomento, oportunizando
estudos e experimentos, além de ter iniciado um processo de democratização da
cultura e a fruição de seus bens. Essa oportunidade subsidia uma cadeia
produtiva na promoção e produção cultural construindo, assim, um profissional
com múltiplas funções e conhecimentos teóricos e práticos. O acesso aos
recursos para a produção e promoção da cultura é democrático e requer
conhecimentos técnicos e articulação institucional. O produtor cultural deve se
reconhecer nesse lugar e deve ser reconhecido pelas políticas, sociedade e no
campo profissional. Dentre suas funções, faz o intermédio do processo entre
artista, produto e patrocinador. Plínio Chaves (2013,
p. 12) diz que “a Lei Rouanet foi importante por se tratar de um marco na
profissionalização do setor.”. Com a expansão das atividades do MINC através de
editais de fomentos e a isenção fiscal promovida pela Lei Rouanet, os
produtores culturais passam a atuar com mais afinco nessa área, algo que
reforça sua identidade vocacional. “A
lei Rouanet reconheceu a existência do profissional que faz as intermediações
de projetos culturais, com ou sem ganho de capital” (idem). E os avanços seguem, nas conquistas temos resultados importantes para a nação e diante desse país multicultural a nossa presença se torna cada vez mais necessária, necessitando apenas politicas de expansão e reconhecimentos pelo lado profissional e seu lugar no cenário nacional.
Por
Ramon Rodney/ Produtor Cultural
"Gerando Resultados"
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